segunda-feira, 13 de junho de 2011

CONFLITO AGRÁRIO - REFORÇO POLICIAL PARA O AMAZONAS

Conflitos agrários. Ministro anuncia reforço policial para conter conflito no AM - 10/06/2011 às 20h43m; Paula Litaiff


MANAUS (AM) - O ministro da Justiça José Eduardo Cardozo prometeu enviar um efetivo policial formado por 70 homens ao Amazonas, a partir da semana que vem, para conter conflitos agrários na região sul do Estado, área que vem registrando altos índices de desmatamento na Amazônia e também ameaças de mortes aos ruralistas que denunciaram crimes ambientais.

A promessa foi dada nesta sexta-feira, durante uma reunião com o governador do Amazonas, Omar Aziz, onde foram discutidas estratégias para prevenir violência contra trabalhadores rurais que denunciam crimes ambientais na Amazônia. Segundo a Comissão da Pastoral da Terra no Amazonas (CPT-AM), pelo menos 32 pessoas estão ameaçadas de mortes por denunciar estes crimes. Desse número, 17 vivem no Sul do Amazonas.
Em reunião com o governador, o ministro Cardozo disse que o efetivo será composto por agentes da Polícia Federal (PF), Exército e Força Nacional de Segurança. Ele disse que eles vão atuar com um tipo de policiamento ostensivo estabelecendo bases em áreas estratégicas onde ocorrem os desmatamentos e perto das casas dos ameaçados de mortes.

- Queremos ter certeza de que as áreas mais atingidas com desmatamento e ameaças serão monitoradas - declarou o ministro, ressaltando que o tempo de permanência do efetivo policial é indeterminado. Ainda de acordo com Cardozo, outras ações para conter os conflitos serão desenvolvidas ao longo dos próximos dois meses e serão anunciadas pela presidente Dilma Rousseff (PT).

- Ainda temos outros projetos que serão consolidados e apresentados pela presidente - disse.

Durante a reunião com o ministro, o governador Omar Aziz anunciou que o Executivo estadual deverá lançar, até a quinta-feira da próxima semana, uma "série de planos" paralelos e relacionados com a questão. Na ocasião, o governador não deu detalhes sobre isso, mas defendeu que o Estado precisa, além do policiamento, investir em "políticas públicas" para evitar conflitos.

Direitos Humanos

Em outra área de Manaus, a secretária Nacional de Direitos Humanos, Maria do Rosário, se reuniu com representantes de movimentos sociais ligados aos direitos das mulheres, negros e terras e moradias, além de representantes da Aquidiocese de Manaus, para falar sobre os recentes conflitos de terras no interior do Estado.

A ministra conversou com os membros do movimento para ouvir as necessidades de cada grupo. A ministra disse que por enquanto a Secretaria de Direitos Humanos vai adotar a medida de ouvir as denúncias e necessidades das pessoas para poder definir o plano estratégico de prevenção.

- Estamos ouvindo as pessoas para a secretaria (de Direitos Humanos) criar seu plano de execução, embora o Ministério da Justiça esteja fazendo ações combativas sobre o assunto - declarou.

A visita do ministro Cardozo e da secretária de Direitos Humanos faz parte do desdobramento da 'Operação de Defesa da Vida', lançado pelo Governo Federal no último dia 2 de junho e válido para todas as regiões com conflitos de terra, principalmente na região Norte, com destaque para os Estados do Pará e Rondônia.

Mortes

Somente no mês de maio, foram registrados quatro homicídios por conflitos de terra. O mais recente aconteceu no Estado de Rondônia, com o agricultor Adelino Ramos, líder do movimento camponês de Columbiara, do Distrito de Vista Alegre do Abunã. Ele também integrava os movimentos do Sul do Amazonas que visavam barrar o avanço da fronteira agrícola que já atinge o Estado.

Um dia após o lançamento da Operação de Defesa da Vida, lideranças de movimentos como Comissão Pastoral da Terra (CPT), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Pará (Fetagri), Central Única dos Trabalhadores (CUT), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) entregaram ao ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral da Presidência da República, uma lista de homens "marcados para morrer".

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